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Governo estuda nova tecnologia de cobrança fracionada do pedágio

Sexta-feira, 05 de Maio de 2023

Ao participar de reunião proposta pelo deputado Gandini, na Assembleia Legislativa, para falar sobre a nova concessão da 3ª Ponte e da Rodovia do Sol, secretário afirmou que o governo avalia empregar o free flow (fluxo livre), em que o motorista paga por quilômetro rodado

Os motoristas que circulam pela 3ª Ponte e pela Rodovia do Sol, num trecho de 67,5 Km, podem ganhar um alívio no bolso com a redução do valor do pedágio, após o fim da atual concessão do governo do Estado com a empresa Rodosol, em 22 de dezembro, depois de 25 anos de contrato.

É que o secretário de Estado da Mobilidade e Infraestrutura, Fábio Damasceno, informou ao deputado estadual Fabrício Gandini (Cidadania), presidente da Comissão Especial de Fiscalização da BR-101, BR-262 e da Rodovia do Sol, no dia 3 de maio, na Assembleia Legislativa, que o governo do Estado estuda empregar um novo sistema conhecido como free flow (fluxo livre), em que o pedágio é cobrado de maneira igualitária de todos que usam, de forma fracionada, de acordo com a quantidade de quilômetros rodados.

A nova tecnologia, que é usada em mais de 20 países e já chegou à BR-116 (Rio-Santos), é um sistema de livre passagem sem praças de cobrança e pagamento de acordo com a quantidade de quilômetros rodados, o que deverá trazer mais justiça para os usuários e reduzirá o custo da tarifa. Damasceno afirmou que o equipamento foi empregado até agora em São Paulo, está sendo analisado e poderá ser usado na nova concessão do sistema Rodovia do Sol.

De acordo com o secretário, o estudo da atual concessão foi feito há cerca de 30 anos e a localização da praça de pedágio se deu porque o pagamento era feito exclusivamente em dinheiro, sendo preciso várias cabines para atender à demanda. Ou seja, a prioridade era ter muito espaço. Ele lembra que, se fosse levado em conta o fluxo de veículos, a praça deveria ter sido instalada na Barra do Jucu ou em Terra Vermelha, em Vila Velha.

“Com o free flow (fluxo livre), será possível localizar melhor o pedágio. Podemos ter vários pórticos para dividir os custos. Essa tecnologia permite que, com a placa do carro, seja possível fazer um outro tipo de cobrança. É uma espécie de pedágio virtual”, explicou.

Damasceno conta que, com o free flow, é preciso apenas de um pórtico com três antenas e que o pagamento é feito a partir da placa. O secretário pediu a ajuda do diretor-presidente da Rodosol, Geraldo Dadalto, que também participou da reunião, para dar mais detalhes.

“Com o novo sistema, é possível encontrar soluções de fidelidade. Os usuários locais, os mais frequentes, são beneficiados. O sistema é todo automatizado. Não há mais cabine manual. Com o free flow, o motorista paga por quilômetro rodado. Quem percorre trecho maior, paga mais. Quem anda menos, paga menos”, contou Dadalto.

O representante da Rodosol lembrou que é possível instalar vários pórticos, a cada cinco quilômetros, e citou um exemplo: “Então, quem vai de Vitória a Guarapari passará por cinco, seis pórticos. Quem circular em Guarapari, vai pagar mais barato”.

Atualmente, o valor do pedágio para motocicletas e carros na ponte é de R$ 1,40 e R$ 2,80, respectivamente. Já em Guarapari as motos pagam R$ 6,30 e os automóveis R$ 12,60.

Dadalto também comparou o atual sistema com o que poderá ser adotado. “Hoje, tem motorista que não paga o pedágio. Quem sai da 3ª Ponte, em Vila Velha, e vai até Recanto da Sereia, em Guarapari, usa a rodovia, recebe o serviço da rodovia (se sofrer um acidente será atendido), mas não paga. São 66%, 70% dos usuários que não pagam o pedágio. Não é por isenção. É porque transitam num vazio em que não tem praça”, declarou.

Há duas formas de controle pelo free flow. A primeira pelo reconhecimento óptico de caracteres, que é quando o veículo passa por determinadas áreas de observação e se faz a leitura da placa. Dessa forma, é possível verificar o cadastro do veículo, o pagamento e, se necessário, aplicar a sanção. A segunda seria por meio de rádio frequência com a instalação de um chip no veículo.

A informação sobre o possível uso de uma nova tecnologia foi divulgada após os presidentes das associações de moradores de Village do Sol, Recanto da Sereia e Ponta da Fruta, além de diversos moradores dos bairros de Guarapari e Vila Velha, terem feito reclamações pelo fato de terem de pagar o pedágio para circular dentro do mesmo município, além da burocracia para ter acesso à isenção.

Os líderes comunitários de bairros que ficam próximos à praça de pedágio da rodovia também aproveitaram para apresentar suas demandas, como a construção do viaduto na Ponta da Fruta, passagem inferior na Barra do Jucu e no Ulé, ciclovia ligando Barra do Jucu e Setiba, melhorias na iluminação, pontos de ônibus e maior diálogo da Rodosol com os moradores.


Rodosol diz que há desequilíbrio no contrato

Geraldo Dadalto, diretor-presidente da Rodosol, informou que a empresa entrega este mês (maio) o inventário com a documentação sobre o cenário atual da Rodovia do Sol e da 3ª Ponte e surpreendeu ao falar que existe um desequilíbrio financeiro, em favor da Rodosol, e que aguarda resposta da Agência de Regulação de Serviços Públicos, Arsp, representada na reunião pelo diretor técnico Mamoru Komatsu. O representante da Rodosol não deu detalhes sobre o desequilíbrio financeiro.

Uma fundação contratada pelo Executivo, a Fipe, fará estudos econômicos do novo modelo de concessão, que deve levar em conta fatores como taxa de retorno, quantidade de veículos que transitam pela via e as intervenções estruturais necessárias. A expectativa é de que os valores dos pedágios futuros sejam menores que os atuais porque não existem grandes obras a serem realizadas no trecho, apenas intervenções pontuais.

O presidente da Comissão Especial de Fiscalização da BR-101, BR-262 e da Rodovia do Sol, deputado Fabrício Gandini (Cidadania), por sua vez, enfatizou que não acredita que a licitação seja concluída até o final do ano e que acha que a Rodosol pode acabar ficando por mais um prazo com a concessão, inclusive, por causa da questão do reequilíbrio financeiro com a concessionária, se isso for comprovado.

Também pediu que no novo modelo sejam abarcadas as reclamações dos moradores dos bairros vizinhos à praça de pedágio. Sugeriu, ainda, o estudo de modelos como o free flow, de fluxo livre (sem necessidade de parar nos guichês de cobrança) e a separação da concessão dos trechos da Terceira Ponte e da Rodovia do Sol, deixando a rodovia por um período sem cobrança de pedágio.

“O Estado tem competência para assumir ali. É uma rodovia que será deixada em boas condições. Vamos deixar aquela região sem pedágio. Já pagamos muito imposto. Já tem IPVA, parquímetro...
É preciso sentir o ‘calor da panela’, o que os moradores estão sentindo. Sentir a dor de quem está naquele entorno”, declarou, acerca da injustiça com o fato dos moradores locais terem de pagar o pedágio para percorrer pequenas distâncias no mesmo município.  

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