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A Revolução pela Rede

Quinta-feira, 19 de Fevereiro de 2009

A Revolução pela Rede -Entrevista Raulino Oliveira

“Um velhinho que acredita nas redes como motores da mudança e da Revolução”, é assim que o economista Raulino Oliveira se descreve em seu blog. Para ele, COLABORAÇÃO é a chave. Com o advento das novas tecnologias, um novo impulso foi dado: a internet tem o novo espaço de interação ponto a ponto, ou “pessoa a pessoa”. Raulino, que  é da liderança nacional do PPS  e consultor de  projetos para uso em redes tecnológicas, acredita que a internet é a última defesa dos excluídos porque é a primeira grande mídia franca e, por isso, uma revolução sem precedentes.  O economista bate um papo com a gente sobre a importância de ampliar e qualificar o uso da rede.

 

 

1-As novas tecnologias mudam os processos comunicacionais? de que modo?

 

Do ponto de vista da comunicação humana as novas tecnologias da Informação transformaram o mundo num ponto. O espaço desaparece! As redes são um não espaço real. O que está acontecendo em Hong Kong agora está sendo percebido e pensado em Ananindeua no Amazonas no mesmo instante para chineses e amazonenses.

Informação e comunicação se dando em tempo real permitem novas formas de geração de valor para criação de produtos e serviços. Uma nova base tecnológica permitindo o surgimento de um novo Modo de Produção Social – aqui está o cerne da Revolução Tecnológica e Científica!

Do ponto de vista das mídias a Revolução se dá com o aparecimento de uma primeira mídia não impositiva a partir dos seus proprietários. Temos com a Internet uma mídia franca, onde cada um diz o que quer e pensa e só vê/ouve, quem também o quiser. Saímos da imposição das mídias “Push” para a primeira mídia “Free” e isto não é pouca coisa. É só ver quantos muitos milhões de Blogs estão instalados e funcionando na Internet agora.

 

 

 2- Nas ultimas eleições os candidatos a agentes públicos usaram a internet intensamente. Qual a sua observação sobre a utilização da rede nos mandatos?

 

Aqui no Brasil o uso da Internet nas últimas eleições não foi tão intenso. Algumas candidaturas se destacaram. Principalmente as de Fernando Gabeira no Rio e a de Soninha Francine em S. Paulo. A maioria das demais candidaturas tinha sites que na verdade funcionavam como “Folders” de divulgação dos candidatos. Não houve na campanha de 2008 a percepção da chamada Web2.0 pela maioria das candidaturas. Os políticos brasileiros já perceberam o e-mail e alguma forma de criar um espaço para “Notícias”, infelizmente na maioria dos sites funcionando com grande defasagem entre os eventos e as informações. Aliás o brasileiro já consegue desmoralizar o e-mail tendo a coragem de dizer que:  “ deve ter havido algum problema com meu servidor; não recebi o seu e-mail”,hehe. Na verdade ainda não sabemos usar os novos dispositivos da Internet: respostas rápidas, links indicativos, Youtube, Twitter, etc.

 

3- As bases político-partidárias são fundamentais na formação dos agentes públicos. Como o senhor avalia o trabalho dessas entidades na era da informação? 

 

 

 São? Não assumo esta sua afirmação. Uma das grandes novidades das redes tecnológicas consiste em seu caráter de redes distribuídas, isto é, não possuem centros ao se constituírem. A primeira grande experiência humana em replicar o funcionamento dos sistemas complexos existentes na natureza são as redes distribuídas. Redes sem centro onde qualquer ponto, (chamados de Nodos quando são pontos de comunicação e de informação), se comunica com todos os demais pontos da rede. Não há mais Centro! Não são sequer como as redes descentralizadas das grandes corporações, essas ainda tem as suas grandes centrais. As redes de colaboração na Internet não têm e não precisam de centros. Claro que as instituições e corporações estão nas redes para afirmarem os seus centros e suas proposições também via Internet, hoje são bilhões de sites, em grande parte mortos, sem visitas. Mas isto nada tem a ver com a Web2.0, com as possibilidades colaborativas que a rede disponibiliza para a criação e a comunicação humana. O chamado e-commerce tem muita força na Internet porque o Mercado é um ponto de colaboração muito forte entre todos os seres humanos. Mesmo com Centro as empresas conseguem interatividade quando oferecem seus produtos e serviços pela rede; é muito mais fácil e ágil negociar no ambiente virtual.

E os Partidos Políticos? Estas instituições centralizadas e centralizadoras que se organizam como partes que pretendem o todo? Aqui eu gosto de radicalizar: A instituição Partido Político já era! Pode durar mais duzentos anos, tipo Maçonaria e o Positivismo Lógico, mas não tem mais capacidade de organizarem vontades e ações coletivas. Talvez uma das últimas tentativas tenha se dado nos EEUU quando o Partido Democrata tentou impor Hillary Clinton e se viu derrotado pelas redes colaborativas da campanha de Obama.

Este é um tema decisivo para a conformação de novas políticas. Se a Polis muda com as redes é claro que a Política será de novo tipo e a COLABORAÇÃO é a chave.

 

4- Em seu Blog "Velhinho na Rede" o senhor debate de forma ampla a urgência de se ampliar o  acesso à internet. Mais da metade da  população brasileira ainda não tem acesso à rede por questões econômicas. Qual a importância de horizontalizar esse acesso e como ampliá-lo com qualidade na utilização das ferramentas disponíveis na internet?

É urgente ampliar o uso da Internet no Brasil e no mundo. Este deve ser um ponto obrigatório para qualquer pessoa pública que esteja comprometida com mudanças na sociedade. Mas o avanço já é imenso. A Internet comercial existe a pouco mais de quinze anos e já temos mais de vinte e sete milhões de usuários em nosso país. Basta compararmos com as outras tecnologias e verificarmos a velocidade de penetração da Internet. A telefonia demorou cem anos para ser amplamente usada por todos e só foi possível graças aos dispositivos criados pelas novas tecnologias da Informação nos aparelhos celulares.

 



Autor: Natasha Siviero, Assessoria de Comunicação

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